Resumindo
Provavelmente eu me diverti muito mais do que eu deveria com esse filme, mas caraca, genial e BIZARRO!! (Será que eu gosto de gore??)
Expandindo (com spoilers)
Nem sabia da existência desse filme, mas vi o trailer no cinema e fiquei “Wow, isso deve ser daora”, então meu feed foi basicamente bombardeado com conteúdo sobre ele, logo me juntei com o meu cinema bro, vulgo a lenda Felipolas e fomos conferir se era realmente tudo isso, e não é que era! (Claro, se vc curte bizarrices).
Na história Elizabeth Sparkle (Demi Moore) acaba sendo demita pela indústria do entretenimento por ser considerada “velha demais”, em meio à crise, surge a oportunidade de usar uma misteriosa “Substância” para ter um corpo jovem, claro que ela acaba aceitando e claro que da totalmente errado.
A grande metáfora do filme pode ser vista logo no começo com a estrela da calçada da fama, onde acompanhamos o auge da carreira da protagonista, a decadência com o tempo e por fim o esquecimento, o que infelizmente resume a carreira de muitas pessoas, principalmente das mulheres.
Eu simplesmente adoro essas ficções científicas com regras bem estabelecidas (7 dias uma, 7 dias a outra e lembre-se, vcs são a mesma pessoa), que extrapolam a própria premissa indo e passando do limite de um jeito que vc não consegue prever só pra contar de outra forma o que acontece nos dias de hoje!
Além de toda a crítica social que o filme faz, ele transforma o gore num pilar da sua história, trazendo o body horror (terror corporal) que crítica os padrões de beleza e o sacrifico que muita gente faz para tentar se encaixar, mas ele vai muito além do físico, literalmente trazendo um banho de sangue para jogar a metáfora na sua cara no final.
É muito maluco a Demi Moore ter topado fazer esse filme, pq isso também aconteceu/ acontece com a própria carreira dela, que fez um filmes como Ghost: Do Outro Lado da Vida (1990) e Striptease (1996) no seu “auge”, passou por procedimentos estéticos (alguns deram errado, mas tá tudo certo agora) e inclusive já perdeu alguns dentes por estresse, mesmo assim aos seus 60 anos (não parece) ela topou fazer um filme que crítica tudo isso.
A Sue (Margaret Qualley) também não fica pra trás, ela consegue dar vida a vaidade que essa indústria gera, indo além de um rostinho é um corpo bonito, trazendo uma atuação sofrida, mas sem perder a compostura, só a sanidade e a beleza.
Coincidentemente o produtor extremamente caricato (negativamente falando) e vivido por Denies Quaid chama Harvey, fazendo alusão ao Harvey Weinstein, um ex-produtor de Hollywood com diversas denúncias de assédio e abuso, que foi preso e que provavelmente come camarão do mesmo jeito…
Infelizmente isso acontece com frequência, o papel da mulher na indústria acaba sendo assim, ela surge em algum filme desconhecido, começa a receber mais atenção, passa pelo “auge” e depois acaba recebendo papéis secundários e por fim acaba por ser esquecida, tudo isso com a ditadura da beleza sempre ao lado, onde ela precisa ser linda, perfeita e estar na moda o tempo todo, independente da idade, já o com o homem isso não acontece, parece que quanto mais velho, mas cargos importantes ele conquista e mais “sábio ou galã” ele parece.
Não conhecia a diretora Coralie Fargeat, mas já a considero pakas, ela conseguiu entregar um filme fenomenal, com uma premissa maluca, com ótimas referências a Stanley Kubrick, A Mosca (1986) e a indústria do entretenimento em si, cheio de atenção aos detalhes visuais e sonoros, de uma forma que eu não via faz tempo!
Precisamos falar sobre o monstro na sala, o 3º ato do filme que joga tudo pra casa do caramba com a Monstro Elizabeth Sue, uma anomalia que ainda tem o objetivo de ser amada, mas acaba sendo ainda mais odiada e literalmente sangra litros no público que está rejeitando ela. Assim, não sou muito fã dessa loucura, mas ao mesmo tempo estaria mentindo se dissesse que não me diverti horrores com isso, já a gosminha do final acredito não ter sido necessário.
O engraçado é que algumas pessoas saíram do filme antes mesmo dele terminar e no final da sessão, todo mundo saiu em silêncio e derrotado, só eu e o Felipolas estávamos com um sorriso de orelha a orelha com o absolute cinema que a gente viu.
No geral é um ótimo filme de horror corporal que crítica a indústria da beleza de uma forma única e espetacular, obviamente muita gente provavelmente vai odiar o filme, mas eu adorei, tenho minhas críticas (principalmente com o 3º ato), porém me diverti muito com essa loucura.
Destaques Extras
- Dói muito ver a cena do espelho, onde a Demi Moore está deslumbrante, mas ela mesmo não consegue ver isso e fica maluca tentando ficar cada vez mais parecida com a Sue
- Não conhecia o termo, mas estão relacionado algumas cenas com o Male Gaze, uma forma de direção que vê a mulher em partes, apenas como objeto de prazer, o que torna a experiência desconfortável, mas nesse filme tem um propósito
- “Você estender a vida é uma coisa, estender a juventude é outra.” Jurandir Filho – RapduraCast
Nota: 9,0
Filme atualmente disponível nos cinemas
Isso é tudo pe-pe-pessoal, obrigado por ler e até a próxima!